Depois de, há uns meses, termos falado aqui sobre a adaptação de livros a filmes, esta semana viramo-nos para os jogos: quer de jogos de tabuleiro, quer jogos de video.
No que toca a jogos de tabuleiro adaptados a filmes, não se pode dizer que hajam muitos, mas existe pelo menos um que toda a gente conhece, Dungeons & Dragons. E não se ficaram por apenas um filme! Em 2000 tivemos "Dungeons & Dragons", em 2005 "Dungeons & Dragons: Wrath of the Dragon God", e em 2012 "Dungeons & Dragons: The Book of Vile Darkness". Nenhum dos três é um filme excelente, nem nada que se pareça, mas não se preocupem quem vêm aí mais filmes baseados neste RPG. Aparentemente a Warner Bros. conseguiu finalmente resolver os problemas de direitos associados a D&D e está a planear um filme baseado no setting de "Forgotten Realms". Vamos esperar para ver qual vai ser o resultado desta nova incursão de D&D no mundo cinematográfico e até lá aconselhamo-vos a ver os vários filmes de "The Gamers" ou "Mythica". E se calhar não sabiam mas existe um filme, de 1985, baseado no famoso jogo de tabuleiro, Cluedo (ou "Clue", em inglês). Uma comédia com bastantes actores conhecidos, que vale a pena espreitarem! Falando agora de jogos de video adaptados a filmes (dos quais há cada vez mais), começo por mencionar "World of Warcraft", que tem data prevista de estreia a 9 de Junho deste ano, em Portugal. Este filme, baseado no popular MMO (Massively Multiplayer Online Game), segue a história do contacto inicial entre humanos e orcs no mundo de Azeroth. Este verão estarei no cinema para descobrir se foi um projecto com sucesso ou não, mas estou a fazer figas para que sim. Quem sabe se isso não abre portas a que mais jogos fantásticos sejam adaptados a filmes? Também este ano, mais lá para Dezembro, estreia a adaptação ao cinema de "Assassin's Creed" do qual não posso falar muito por nunca ter jogado tal coisa. Posso, no entanto, referir que existe também um jogo de tabuleiro deste franchising (que, confesso, não adorei). E, claro, a lista de videojogos adaptados ao cinema não podia acabar sem mencionarmos os filmes adaptados do jogo "Tomb Raider". Todos conhecem os filmes "Lara Croft: Tomb Raider" e "Lara Croft Tomb Raider: The Cradle of Life" mas se calhar não sabem que, para além do recente reboot da série de videojogos com "Rise of the Tomb Raider", está também em pré-produção um novo filme, agendado para 2017, do realizador norueguês Roar Uthaug. Para acabar gostaria de mencionar alguns jogos que seriam interessantes ver adaptados a filme. Um jogo na minha lista recente de jogos a experimentar (a.k.a. a comprar eventualmente) é o "Mice and Mystics", um RPG de tabuleiro em que os heróis são pequenos ratos com poderes mágicos que lutam contra ratazanas e aranhas de modo a salvar o reino. Parece-me que daria um excelente filme de animação! E claro, há que falar dos vários jogos de tabuleiros baseados nos textos de H. P. Lovecraft, como "Eldritch Horror", "Arkham Horror" ou "Elder Sign". Dada a existência de filmes baseados nos seus contos, um filme com um espírito mais de aventura, que se aproximasse mais da experiência que é jogar estes jogos (às vezes bastante assustadora, dado o número de horas e regras...). E vocês, que outros jogos, gostariam de ver adaptados a filme? Ou talvez conheçam outros que já foram adaptados e que nos escaparam? Deixem-nos os vossos comentários, sugestões, opiniões e afins! Até para a semana! C.S.
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Existem tantos “tipos” de escritores como existem pessoas, já que cada um de nós escreve à sua maneira.
No entanto, a maioria dos autores descreve uma escala que varia entre os chamados “Jardineiros” ou “Pantsers” – que tendem a descobrir a sua história à medida que a escrevem – e os “Arquitectos” ou “Plotters” – que esboçam e planeiam todos os acontecimentos antes de os escreverem. Não existe apenas uma maneira de escrever uma história, mas é importante falarmos desta escala de tipos de escritores, já que existe uma colecção de técnicas que todos devemos experimentar de forma a encontrarmos as ferramentas certas para nós. Os Jardineiros escrevem normalmente melhor sem muita estrutura ou restrições, aborrecem-se se já tiverem um plano do que vão escrever, porque já sabem o que vai acontecer e sentem que já escreveram esta história e querem já passar à próxima. Stephen King é um exemplo deste tipo de escritor, já que na sua opinião nunca se deve usar um esboço prévio. Mas lá porque este tipo de escritor não planeia o que vai escrever previamente, não quer dizer que fiquem à espera da “Musa”! Como diz o Stephen King, têm que se obrigar a sentar na cadeira para escrever, mesmo sem saber muito bem para onde vão. Uma das grandes vantagens de partir à descoberta da vossa escrita é porque muitas vezes as ideias fluem de forma mais espontânea, tudo parece mais real. Também tem a vantagem de vos obrigar a escrever, mesmo que não saibam o quê. Pode ser excelente para desbloquear a vossa escrita. Claro que também tem os seus contras. Normalmente os “Jardineiros” tendem a rever muitas vezes, porque quando chegam ao segundo capítulo descobrem mais umas quantas coisas sobre a sua história, e voltam atrás para voltar a rever e a editar. A solução aqui é mesmo desligar o editor interno! Obriguem-se a continuar e a deixar as revisões para o fim. Quem escreve sem um plano pode ter algumas falsas partidas, e as primeiras coisas que escrevem não vão ser utilizáveis para a vossa história. Mas se reconhecerem o problema, usem isso a vosso favor e utilizem esse trabalho de escrita (que, no fundo, é sempre prática que ganham) para descobrirem novas ideias sobre as vossas personagens, o vosso mundo e o vosso enredo. Depois, arquivem esses parágrafos, e comecem de novo agora já com alguma noção da história que vão contar. Outro grande problema para escritores “Jardineiros” é escrever um bom final, porque não sabem para onde vão, e só quando lá chegam é que sabem o que vai acontecer. Regra geral isso apenas quer dizer que vão precisar de um segundo rascunho para melhor conseguirem tecer na história os fios que levam ao vosso final espectacular. A revisão pode ser mais dramática, mas apenas precisam de identificar todas as promessas que foram fazendo aos vossos futuros leitores para as conseguirem satisfazer no vosso final. Se tiverem alguns problemas com isto, peçam aos vossos amigos (escritores ou não) para lerem a vossa história e vos ajudarem a “brainstorming” o final. Para quem está habituado a planear antecipadamente a sua história mas gostaria de experimentar o método dos “Jardineiros”, tentem fixar apenas um ou outro detalhe da vossa história, e usar essa rede de apoio para partirem à descoberta e ver onde a vossa história vos leva! Falando agora dos “Arquitectos”, como por exemplo Orson Scott Card, estes escrevem melhor se souberem qual é o objectivo da sua história e qual é a sequência de eventos prevista. Existem diferentes tipos de esboços possíveis mas, regra geral, vão dividindo os objectivos em passos mais pequenos de modo a irem construindo a sua história antecipadamente. Uma das grandes vantagens deste planeamento todo é que acabam com finais que convergem num grande momento explosivo, em que todos os fios se juntam numa tapeçaria espectacular. Claro que também tem os seus problemas. Um dos quais é a chamada “Worldbuilder’s Disease”, que se traduz em quererem sempre continuar a construir o vosso mundo, e todos os pequenos detalhes das vossas personagens, até à exaustão, e nunca mais passarem ao resto da história. Estabeleçam um tempo pré-determinado para desenvolverem o vosso mundo e depois forcem-se a seguir em frente e escrever a história. Os “Arquitectos” tendem também a passar mais tempo a detalhar todo o esboço e depois escrevem o livro em si num instante. Claro que o problema é que depois não querem voltar atrás e rever tudo o que já escreveram. Querem é passar ao próximo projecto. A solução passa sempre por se obrigarem a sentar, reler e rever toda a vossa história, porque apesar de todo o planeamento do mundo, ela vai sempre precisar de alguns ajustes. Para quem não costuma planear grande coisa e gostaria de experimentar de modo a melhorar a sua escrita têm várias hipóteses. Podem sentar-se e escrever um resumo geral da vossa história (descobrindo à medida que vão escrevendo) ou fazer uma lista de tópicos que refiram os vários eventos que devem acontecer. Depois é só agarrarem em cada tópico ou parágrafo e começarem, passo a passo, a desenvolver cada cena. De certeza que aqui vão descobrir novas ideias, possivelmente mais interessantes que as que tinham anotado originalmente. Sintam-se sempre à vontade para mudar o vosso plano inicial – afinal de contas é um guia da vossa viagem e não uma estrutura fixa e inalterável. Quando tiverem uma sequência de cenas mais ou menos desenvolvidas vão de certeza encontrar buracos nas vossas histórias, sítios onde precisam de uma cena para vos levar do ponto A ao B, ou onde precisam de demonstrar consequências ou antecipar o vosso final. Lembrem-se sempre que a maioria de nós situa-se algures no meio desta escala. Há quem prefira descobrir as suas personagens mas ter um esboço detalhado do seu enredo, ou descobrir o início da história e, depois de saber para onde vai, planear o resto do caminho. Como se costuma dizer, no meio é que está a virtude, e é sempre bom tentar usar ambos os métodos de modo a termos o melhor dos dois mundos. Deixo-vos esta semana com o desafio de se sentarem, analisarem que tipo de escritor acham que são, e depois tentarem usar o método oposto de escrita. Se não experimentarem todas as técnicas disponíveis podem não saber o que estão a perder. Boas escritas e até para a semana! C.S. Esta semana venho-vos falar de um evento já um pouco antigo mas que, a meu ver, se justifica referir este mês, dado o aniversário de J.R.R. Tolkien ter sido há uns dias atrás.
Falo então do terceiro Seminário sobre "Tolkien: Construtor de mundos..." organizado pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, que decorreu no dia 29 de Maio de 2015. Para já devo dizer que o grupo de professores e alunos que organizam este, e outros seminários na área da literatura especulativa, são excelentes e todas as palestras são interessantes e esclarecedoras. Aconselho-vos desde já a seguirem a sua página de facebook para ficarem a par de novos eventos do género. Mas falando um pouco sobre o seminário em si. A primeira palestra, dada pela Prof. Angélica Varandas, instruiu-nos sobre os conceitos de bem e mal, do ponto de vista de Tolkien, e a evolução da criação, ou corrupção, dos Orcs. Não pensem que lá porque era um génio Tolkien não mudou de ideias dezenas de vezes sobre se os Orcs foram criados (e por quem) ou se surgiram da corrupção de outras raças (elfos ou homens?). Uma coisa é certa, segundo Tolkien, os Orcs, apesar de falarem e de terem diferenças entre tribos, não têm alma. E assim, há muitas análises que se podem fazer usando os Orcs para explorar a natureza do mal. Será o mal criado ou será fruto das escolhas que se fazem? Sem dúvida uma palestra interessantíssima e que nos leva a pensar um pouco mais a sério sobre estes temas. Seguiu-se uma excelente conversa com a Prof. Luísa Azuaga, intitulada "Tolkien - O Construtor de Línguas". Aqui aprendi um pouco sobre línguas construídas e descobrimos duas línguas criadas para uso no nosso mundo - Esperanto e Volapük. Claro que Tolkien considerava estas línguas construídas no mundo real línguas mortas porque não têm nem mitos nem lendas associados. E ficou bem demonstrado que Tolkien foi único não só pela criação de todo um mundo, lendas e várias línguas, mas também porque as línguas por si criadas têm uma história, uma relação entre si, evoluem e modificam-se de acordo com as regras estudadas sobre a evolução de línguas históricas. Sem dúvida uma palestra que me incentivou a pesquisar e aprender mais sobre as línguas construídas por Tolkien. De seguida falou-se sobre a ligação entre Aragorn e as lendas arturianas e todos os pontos de encontro entre as duas histórias. Uma apresentação interessantíssima por Ana Rita Martins e Diana Marques. Para quem conhece um pouco sobre os contos arturianos possivelmente já tinha dado por algumas semelhanças, tal como ambos serem guerreiros no inicio das histórias, os paralelos entre a Narsil e a Excalibur, e o facto de quer Aragorn, quer Artur, representarem o começo de novas, e melhores, épocas nos seus mundos. Se não sabem o que ler a seguir porque não enveredarem pelo mundo das lendas arturianas? O que não falta são opções de leitura, das mais fantásticas às mais históricas (sugiro "The Mists of Avalon" de Marion Zimmer Bradley para versão mais fantástica, e "The Tales of King Arthur" de Sir Thomas Malory para uma versão mais "histórica"). O Prof. Hélio Pires veio depois falar um pouco sobre o simbolismo do anel e os 4 Senhores dos Anéis Nórdicos. Uma conversa cheia de novidades para quem, como eu, não estava familiarizada com os épicos nórdicos. Falou-se de Odin, Ullr, Völlund e Hreidmar e os anéis como símbolos de poder, união, dever e maldição - tudo temas conhecidos para nós que somos fãs de Tolkien! Mais uns tantos contos para a lista de leitura. E porque não começar pela versão de Tolkien de uma saga nórdica com "The Legend of Sigurd & Gudrún"? O seminário contou com mais algumas palestras, que infelizmente não pude assistir. Mas fica já aqui a promessa que se este ano voltar a ser organizado um seminário em honra do Tolkien e da literatura especulativa, lá estarei, e espero ver-vos a todos lá também! Até para a semana! C.S. Pois é, meus amigos, parece que começou um novo ano. Desde já, bem vindos a 2016, e que este seja um ano cheio de novas oportunidades para todos nós. Mas deixando a conversa lamechas de parte, vamos ao que interessa: as famosas resoluções de ano novo! De certeza que todos vocês já têm uma ou outra resolução para este novo ano, mas resolvemos acrescentar mais algumas à vossa lista. Para começar, porque não começar a investir mais em livros e jogos em segunda-mão, em vez de comprar novo? Cada vez há mais oferta deste âmbito e para além de fazerem um favor à vossa carteira, fazem um favor ao planeta. Espreitem a nossa entrevista com a Bookshop Bívar para saberem onde encontrar centenas de livros em segunda-mão, ou os classificados do fórum Abre o Jogo para darem uma segunda vida a dezenas de jogos de tabuleiro. Se és daquelas pessoas que tem mais livros, ou jogos, dos que os consegue ler, ou jogar, porque não esta excelente ideia para 2016: escreve os nomes de todos os livros ou jogos que ainda não conseguiste abrir em pedaços de papel; guarda todos os papéis numa caixa ou frasco e da próxima vez que tiveres um tempo livre para jogar, ou ler, vai ao pote e descobre algo de novo, em vez de caíres no hábito de ir buscar os teus favoritos do costume! E para os que gostam de desafios, temos muitas ideias para vocês! Primeiro que tudo podem sempre juntar-se ao Desafio de Leitura 2016 do Goodreads. Basta apenas definirem o número de livros que gostariam de ler este ano, e daqui para a frente registarem todos os livros lidos no vosso Goodreads. Ele até vos vai dizendo quantos livros de atraso, ou de avanço, têm. E se precisam de inspiração para diversificarem as vossas leituras ou jogatanas, deixamo-vos com alguns dos desafios para 2016 que encontrámos. Para os nossos leitores acérrimos temos três desafios, do mais simples ao mais completo: E para os nossos viciados em Jogos de Tabuleiro porque não um desafio para 52 semanas de jogos, com 52 categorias diferentes para tentarem preencher?
Ou para simplificar o desafio do ABC dos Jogos, em que a ideia será jogarem um jogo que comece por cada letra do abecedário. As hipóteses são mais que muitas, mas o objectivo é sempre o mesmo, leiam mais, joguem mais e experimentem coisas novas! Se tiverem mais desafios ou quiserem partilhar connosco as vossas resoluções para 2016, já sabem! Deixem-nos um comentário aqui ou no nosso facebook! Desejamo-vos um excelente 2016! |
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