Esta semana venho-vos falar de um evento já um pouco antigo mas que, a meu ver, se justifica referir este mês, dado o aniversário de J.R.R. Tolkien ter sido há uns dias atrás.
Falo então do terceiro Seminário sobre "Tolkien: Construtor de mundos..." organizado pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, que decorreu no dia 29 de Maio de 2015. Para já devo dizer que o grupo de professores e alunos que organizam este, e outros seminários na área da literatura especulativa, são excelentes e todas as palestras são interessantes e esclarecedoras. Aconselho-vos desde já a seguirem a sua página de facebook para ficarem a par de novos eventos do género. Mas falando um pouco sobre o seminário em si. A primeira palestra, dada pela Prof. Angélica Varandas, instruiu-nos sobre os conceitos de bem e mal, do ponto de vista de Tolkien, e a evolução da criação, ou corrupção, dos Orcs. Não pensem que lá porque era um génio Tolkien não mudou de ideias dezenas de vezes sobre se os Orcs foram criados (e por quem) ou se surgiram da corrupção de outras raças (elfos ou homens?). Uma coisa é certa, segundo Tolkien, os Orcs, apesar de falarem e de terem diferenças entre tribos, não têm alma. E assim, há muitas análises que se podem fazer usando os Orcs para explorar a natureza do mal. Será o mal criado ou será fruto das escolhas que se fazem? Sem dúvida uma palestra interessantíssima e que nos leva a pensar um pouco mais a sério sobre estes temas. Seguiu-se uma excelente conversa com a Prof. Luísa Azuaga, intitulada "Tolkien - O Construtor de Línguas". Aqui aprendi um pouco sobre línguas construídas e descobrimos duas línguas criadas para uso no nosso mundo - Esperanto e Volapük. Claro que Tolkien considerava estas línguas construídas no mundo real línguas mortas porque não têm nem mitos nem lendas associados. E ficou bem demonstrado que Tolkien foi único não só pela criação de todo um mundo, lendas e várias línguas, mas também porque as línguas por si criadas têm uma história, uma relação entre si, evoluem e modificam-se de acordo com as regras estudadas sobre a evolução de línguas históricas. Sem dúvida uma palestra que me incentivou a pesquisar e aprender mais sobre as línguas construídas por Tolkien. De seguida falou-se sobre a ligação entre Aragorn e as lendas arturianas e todos os pontos de encontro entre as duas histórias. Uma apresentação interessantíssima por Ana Rita Martins e Diana Marques. Para quem conhece um pouco sobre os contos arturianos possivelmente já tinha dado por algumas semelhanças, tal como ambos serem guerreiros no inicio das histórias, os paralelos entre a Narsil e a Excalibur, e o facto de quer Aragorn, quer Artur, representarem o começo de novas, e melhores, épocas nos seus mundos. Se não sabem o que ler a seguir porque não enveredarem pelo mundo das lendas arturianas? O que não falta são opções de leitura, das mais fantásticas às mais históricas (sugiro "The Mists of Avalon" de Marion Zimmer Bradley para versão mais fantástica, e "The Tales of King Arthur" de Sir Thomas Malory para uma versão mais "histórica"). O Prof. Hélio Pires veio depois falar um pouco sobre o simbolismo do anel e os 4 Senhores dos Anéis Nórdicos. Uma conversa cheia de novidades para quem, como eu, não estava familiarizada com os épicos nórdicos. Falou-se de Odin, Ullr, Völlund e Hreidmar e os anéis como símbolos de poder, união, dever e maldição - tudo temas conhecidos para nós que somos fãs de Tolkien! Mais uns tantos contos para a lista de leitura. E porque não começar pela versão de Tolkien de uma saga nórdica com "The Legend of Sigurd & Gudrún"? O seminário contou com mais algumas palestras, que infelizmente não pude assistir. Mas fica já aqui a promessa que se este ano voltar a ser organizado um seminário em honra do Tolkien e da literatura especulativa, lá estarei, e espero ver-vos a todos lá também! Até para a semana! C.S.
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Maio 2016
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