The Princess Bride é apresentado pelo autor William Goldman como sendo a versão abrided, ou seja, uma versão alterada, contendo apenas as “partes boas”, de um livro anterior, neste caso de S. Morgensten. Só mais tarde, já quase no final do livro, é que vim a perceber que este S. Morgenstern é completamente inventado. Sim, é verdade, o único “Princess Bride” que existe é mesmo o de William Goldman, e esta versão é mesmo a versão completa, por muito bem que o autor a venda como sendo uma adaptação. Admito, isto passou-me completamente ao lado. Fiquei até mesmo zangada por não ter a oportunidade de escolher que versão do livro queria ler, se completa ou só com as boas partes. E mais, por todo o livro, o autor vai sempre interrompendo a história, a dar dicas do que estará para acontecer em seguida ou explicar o que o “autor original” tinha colocado como extra (segundo Goldman só seriam partes consideradas mais aborrecidas, como 72 páginas a descrever o treino necessário para ser uma princesa ou 25 páginas a descrever como se faz uma mala de viagem com toda a roupa e chapéus de uma pretendente). Mas mesmo sabendo que provavelmente morreria de aborrecimento com estas partes, a minha indignação não diminuiu, a decisão de ficar ou não aborrecida devia ser do leitor! (Aproveito aqui publicamente para pedir desculpa à minha irmã, que me ofereceu este livro e com quem refilei bastante. Afinal o erro é mesmo meu…). Mas, agora que já deixei a minha indignação de lado, percebo o que esta invenção e o facto de passar completamente despercebida significa: a qualidade extraordinária deste conto, que mesmo quando parece ser uma segunda versão de uma história, nos agarra independentemente disso. É uma história dentro de uma história e leva-nos numa viagem muito interessante. Por vezes entra no absurdo, com diálogos fantásticos e um ritmo alucinante! Começa com a apresentação de Buttercup, que poderá ser uma das mulheres mais bonitas deste Mundo (mas não desde o início, no início a mulher mais bonita é Annette, a criada francesa do Duque de Guiche). Conhecemos o farm boy, chamado Westley, que sempre lhe responde com um “As you wish”, o cruel príncipe Humperdinck e o Conde Rugen; o trio de ladrões Vizzini, Fezzik e o legendário Inigo Montoya (sim, esse mesmo, com a frase mais conhecida aliada a esta história – “Hello, my name is Inigo Montoya, you killed my father, prepare to die.”). Tem tudo desde duelos, amor verdadeiro, gigantes, vingança e ódio, monstros de todas as formas e feitios, perseguições, fugas, mentiras, milagres, personagens corajosas e cruéis… Enfim, a lista é interminável. Em geral, tal como o próprio William Goldman o apresenta, é um conto clássico de “true love and high adventure”. E por isso, mesmo depois de toda a minha revolta, recomendo vivamente este livro (e claro, seguidamente podem sempre ver o filme também). Tem um pouco de tudo, para todos os gostos. E embora possa demorar um pouco até nos habituarmos aos constantes comentários do autor, a viagem é inesquecível! M.I.S. Imagem: Denis Bettio, http://www.denisbettio.com/#/book-covers/
0 Comentários
Enviar uma resposta. |