Naquela que já é conhecida como a “Star Wars Week”, em honra do mais recente filme da saga que todos adoramos, pareceu-me uma óptima ideia olharmos para o que caracteriza aquilo que apelidamos de Ficção Cientifica. Desde o início do Especulatório que a Ficção-científica tem marcado presença nos livros que temos vindo a ler e, com absoluta certeza, continuará a estar nas nossas listas de leitura. Se formos ao dicionário, é definida como “Um tipo de conto, história que se propõe a fantasiar algo possível, mesmo que não seja no presente. Uma fantasia literária que tem ligação, na maioria das vezes, com ciência” [Dicionário inFormal]. Ou seja, por mais distante que sejam os mundos, as tecnologias, as viagens, os seres, o que a caracteriza é o facto de ter sempre alguma ligação à ciência possível (mesmo que ainda só teoricamente). É explorado o impacto das inovações tecnológicas no nosso conhecimento sobre o Universo que nos rodeia. Permite-nos experimentar ideias que poderão ainda não ser testadas na realidade. Mostra-nos algo extraordinário mas que pode mesmo vir a acontecer um dia num futuro mais ou menos longínquo. Em suma, permite-nos ser visionários de uma nova realidade, de uma nova sociedade. Como diz Úrsula Le Guinn: "Hard times are coming when we will be wanting the voices of writers who can see alternatives to how we live now and can see through our fear-stricken society and its obsessive technologies to other ways of being, and even imagine some real grounds for hope. We will need writers who can remember freedom. Poets, visionaries, the realists of a larger reality." [discurso de aceitação da Medal for Distinguished Contribution to American Letters, 2014] Na verdade, muito mais há para dizer e explorar no que significa ler ficção científica mas, em vez disso, deixo-vos com algumas sugestões inadiáveis (que obviamente são apenas um abrir ligeiramente da porta para o Mundo gigantesco dos livros de Sci-Fi). Para além de "The Hitch Hicker's Guide to the Galaxy" e "The Martian", que já vos falámos tanto nas nossas reviews como no nosso Clube de Leitura, trazemos novas opções: 1) O inescapável – Dune, de Frank Herbert Num contexto de rivalidades entre dinastias planetárias no seio de um império interestelar, seguimos Paul Atreides e o seu controlo sobre o cobiçado planeta de Arrakis, num livro que nos consegue mostrar as complexidades da política, religião, tecnologia e relações humanas. 2) Em honra do aniversário do seu autor, um título a não esquecer - Do Androids Dream of Electric Sheep? de Philip K. Dick Conhecido por ter dado origem ao clássico filme “Blade Runner”, procura fazer pensar sobre as implicações da inteligência artificial e até onde lutarão os androids pelo seu lugar numa sociedade. 3) Um dos meus favoritos - The Left Hand of Darkness, the Ursula Le Guinn A história de um emissário a um planeta onde o género é algo sempre em mutação. Um livro que obriga a personagem principal, e o leitor, a ultrapassar os seus estereótipos e representações na ligação com um Outro completamente diferente. 4) Bem, e porque 2015 tem sido um fantástico ano de leituras, um livro bem recente: Seveneves, de Neal Stephenson. De Maio de 2015, e com muito boas reviews, levanta a questão: o que aconteceria se o Mundo estivesse para acabar, fosse uma autêntica bomba-relógio? Um épico excelente de aniquilação e sobrevivência, de busca e descoberta, que leva o leitor numa viagem por mais de cinco mil anos. 5) E a minha escolha portuguesa – Por Mundos Divergentes. Uma antologia da Editorial Divergência, agrega cinco contos distópicos escritos por Ana C. Nunes, Nuno Almeida, Pedro G. Martins, Ricardo Dias e Sara Farinha. Retratos de uma visão futurista de Portugal, um país governado por regimes ditatoriais. E pronto, espero ter-vos deixado com algumas opções para as vossas leituras e viagens cientificamente especulatórias. M.I.S. Foto: NASA
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O Natal aproxima-se e não queremos que vos faltem oportunidades imperdíveis bem pertinho e de fácil acesso! O que faz mesmo falta é uma promoção (e porque não promoções?), algo que ajude na busca por aquele presente perfeito para a nossa família e amigos. Esta semana trazemos mesmo isso, em forma de três diferentes oportunidades. Até amanhã, dia 9, a Bertrand Livreiros está a oferecer 20% de desconto (em cartão) em mais de 10.000 livros e ebooks, de uma grande lista de editoras, como a Saída de Emergência. Com a possibilidade de portes grátis (garantidos com levantamento em loja e também possíveis no envio para a tua morada), porque não aproveitar? Por falar na Saída de Emergência, para quem não conhece, esta é uma editora independente e totalmente nacional, responsável pela Colecção Bang!, que agrega inúmeros títulos de literatura fantástica de autores portugueses e estrangeiros. Também esta editora tem a decorrer uma promoção a não perder: a Promoção 2=3, onde por cada 2 livros poderás ter a oportunidade de levar um terceiro grátis, de uma lista sempre em actualização. E claro, também está a oferecer descontos de 30% e 40% em mais de 100 livros, por isso encontrar oportunidades a não perder não vai ser difícil! O esforço vai ser resistir a comprar mais uns para as vossas prateleiras. Esperamos que com estas promoções encontrar aquele livro perfeito se torne ainda mais fácil. M.I.S. Sábias palavras de Leena Marjola, proprietária da Bookshop Bívar. Uma livraria de livros em inglês e em segunda mão, com enorme oferta de diferentes géneros, abriu em Lisboa há 2 anos. Fruto de um amor pela leitura, este sonho viajou desde a Finlândia até Portugal e aqui deu frutos (para grande alegria nossa!). Quando começámos o “Especulatório” imediatamente pensei que seria fantástico poder dar a conhecer um dos meus espaços favoritos em Lisboa e onde encontro sempre algo que me chama a atenção em fantasia ou ficção científica. E assim, não perdi a oportunidade de me sentar com a Leena, que já nos conhece e sabe sempre ao que vamos, para falar um pouco desta história e, claro, descobrir o que pensa sobre os géneros literários da ficção especulativa. Deixo-vos com um resumo (nas minhas palavras, porque não é possível passar tudo o que foi dito na nossa conversa de 1h30) daquela que foi uma conversa muito interessante: 1) Como surgiu esta ideia de abrir uma livraria em Lisboa? Sempre sonhei em ter um trabalho relacionado com livros quando crescesse, como bibliotecária, mas acabei por seguir um percurso diferente na universidade. Mas a paixão pelos livros ficou e continuou. Comecei a pensar se poderia abrir uma livraria na Finlândia mas quando viemos a Portugal imediatamente pensei: onde estão os livros em 2ª mão e em inglês? Notei que em Lisboa estavam em falta este tipo de livros. 2) E por isso decidiu por avançar com uma livraria de livros em 2ª mão? Senti que era algo que faltava em Lisboa. E por serem mais baratos em 2ª mão temos a oportunidade de coleccionar mais títulos. Claro, também adoro o cheiro de livros antigos e a ideia de outra pessoa já os ter lido. Mas existe uma grande diferença em relação a espaços de venda de novos livros, uma vez que em 2ª mão é um processo menos selectivo, não encomendamos de um catálogo nem temos conhecimento de todos os títulos que estão disponíveis. A verdade é que descobri que para conseguir descontrair verdadeiramente, desligar e parar de prensar no negócio e outras coisas, é através de um livro, e o facto de ler em inglês, não sendo a minha primeira língua, ainda me faz concentrar mais e deixar as preocupações de lado. Mas ainda não leio em português. 3) Existe procura de livros de ficção especulativa (fantasia, ficção cientifica, horror) na Bívar? Que géneros são mais procurados? A pergunta mais comum é: tem algum dos livros e autores clássicos? Na área da ficção especulativa, é mais difícil de dizer. Depende do número de vezes que as pessoas vêm à loja, se se tornam mais habituais. Mas sim, há procura. A verdade é que são mais difíceis de obter, porque outros géneros consigo encontrar mais localmente, mas de ficção especulativa tenho sempre de encomendar. Há alguma procura mas acredito que seria difícil garantir um negócio, pela dificuldade de encontrar opções e porque não teria clientes. Dizem-me que, porque há tantos novos livros a sair neste género, acabam por apenas comprar aqueles que gostam mesmo depois de lerem online, são mais “picky” (também por questões monetárias). 4)Na sua opinião, o que faz com que a literatura especulativa tenha seguidores? Somos contadores de histórias por natureza. Estes livros permitem-nos ter histórias mais interessantes e acrescentar camadas a uma história. No entanto, não é nada fácil para mim separar livros por estes géneros. Livros que li sem pensar em que género se encaixam venho a descobrir que são identificados como fantasia ou ficção científica. Não gosto de colocar livros em “caixas”, depende muito de cada leitor. Por exemplo, The Handmaid’s Tale (de Margaret Atwood), que já li imensas vezes, nunca o vi como ficção científica. 5) Vê futuro para estes géneros de literatura? Talvez, mas não gosto de analisar os livros. Um livro ganha vida quando o lemos. O autor não pode saber qual vai ser a experiência de cada pessoa que o ler. 6) Se pudesse conhece conhecer uma personagem de qualquer livro do mundo especulativo, quem seria? Porquê?
O Gandalf, ele tem de vir ao meu 50º aniversário! Tem aquele carácter de personagem mitológica e é o mais poderoso. 7) Se vivesse no mundo do último livro de ficção especulativa que leu, onde estaria neste momento? Na Finlândia, em Tampere, no mundo de Troll: a Love Story, também traduzido como Not Before Sundown. Uma história, da autoria de Johanna Sinisalo, que, embora passada na Finlândia contemporânea, nos faz descobrir que os trolls existem mesmo. Bem, conversámos sobre mil e um outros livros mas por agora recomendo-vos a fazerem uma visita à Leena na Bookshop Bívar, não vão ficar desiludidos! M.I.S. Fotografias: Leena Marjola |